A expressão "é isso", frequentemente usada nos telejornais e transmissões de TV, parece ser obrigatória quando o jornalista retorna aos estúdios após uma interação com repórteres.
Em apresentações orais, o uso do "é isso", principalmente em final de discursos, revela falta de planejamento para terminar a fala. Você explora o conteúdo, argumenta, dá informações, desenvolve o raciocínio e diz... "é isso", como se fosse pouco ou algo comum.
De acordo com a professora Maria Helena de Moura Neves, a linguagem deve priorizar uma comunicação clara e precisa. A utilização de expressões como "e é isso" (ou "é isso") pode ser vista como uma forma de descompromisso com essa responsabilidade. Essa locução, por mais inócua que pareça, apresenta-se como um conector discursivo que indica o fim de uma discussão, mas, ao mesmo tempo, contribui para uma conclusão rasa e muitas vezes vaga. O jornalista, ao optar por esta expressão, acaba por abdicar da oportunidade de oferecer um fechamento reflexivo ou uma síntese que fortaleça a mensagem que poderia ser passada ao público, como uma estagnação discursiva.
A gramática da língua portuguesa ensina que a conjução "e" e o verbo "é", ambos centrais na expressão em questão, têm funções específicas que vão além de simplesmente unir ideias ou apontar uma condição. Em um momento em que o público clama por perspectivas mais profundas e análises mais críticas, "e é isso" deve ser revisitado, não como uma solução fechada, mas como um ponto de partida para reflexões mais significativas e impactantes na linguagem jornalística.
Na busca por uma comunicação mais digna da credibilidade, tema constantemente abordado nos dias atuais, é importante reforçar que toda comunicação precisa cumprir uma função, atingir determinado objetivo e ser convergente em múltiplas plataformas comunicacionais.
É isso? Qual a sua opinião?